"Nossas florestas estão sendo servidas nas churrascarias e nos pratos do Brasil e do mundo.
No lugar de árvores, pastos.E deles é que sai boa parte da carne exportada e praticamente toda a carne distribuída pelo País.Há muito tempo já ouvimos falar dos sérios problemas ambientais decorrentes do uso incorreto da Amazônia, do Cerrado e de biomas que sofrem extrativismo irresponsável.Porém, das duas uma: ou fechamos os olhos, selamos os lábios e tapamos os ouvidos; ou enxergamos, falamos e ouvimos a respeito, mas nos sentimos impotentes e deixamos como está para ver como fica.Não é fácil mudar o que está nas mãos do poder público, mas é simples fazer novas escolhas.Você já parou para pensar o quanto é forte e poderoso enquanto consumidor?Um produto só tem lugar nas prateleiras do supermercado porque tem quem o tire de lá e o leve para casa.Da mesma maneira, a pecuária destrói nossas florestas porque há quem compre carne aos montes.Parece um exagero que, ao preferir os vegetais, você poupe a Amazônia?Então, considere isso: - O último levantamento do Projeto TerraClass, em parceria com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), comprova que, a cada pedacinho de bife do almoço, grelhadinho do jantar ou o churrasquinho no fim de semana, mais um pedação da Amazônia desaparece.Dos 719,2 mil quilômetros quadrados (km2) desmatados, 447 mil são de pastos atrás de pastos e atividades pecuárias, números que representam alarmantes 62% de toda a área mapeada.De 2010 para 2011, segundo dados do sistema de alerta do INPE, divulgado em novembro deste ano, e com vistoria acirrada do Greenpeace, houve aumento de 70% do desmatamento em Mato Grosso.Estado que, não à toa, possui o maior rebanho bovino do Brasil, confirmado pelo último Censo Agrícola do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).São 28,7 milhões de animais paridos e criados para serem transformados em mercadorias.E tem mais um dado de extrema importância.A CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) acaba de divulgar o levantamento intitulado “Acompanhamento da Safra Brasileira”, no qual mostra que Mato Grosso é duplamente recordista.O estado também aumentou em 330 mil hectares suas áreas destinadas para a plantação de soja.E engana-se quem pensa que sua colheita seja para alimentação humana.Ao menos 80% de toda a produção do grão são para alimentar o gado.E gado estrangeiro também, diga-se de passagem.Hoje, com a discussão do novo código florestal, é bastante comum que os meios de comunicação abram espaço para informações e debates sobre o desmatamento, mas conte nos dedos quantas vezes você ouviu uma grande emissora de televisão ou de rádio; um portal de notícias renomado; um jornal de grande tiragem ou uma revista semanal de circulação nacional, expor todos os dados citados acima e uni-los como a um quebra-cabeça, para te contar que a solução está no seu prato, está nas suas escolhas, nos seus hábitos e nas suas atitudes.Ao contrário disso, a banalização do consumo de carne faz parte, inclusive, das novelas e seus banquetes ou churrasquinhos populares e em receitas cada vez mais cruéis em programas diários, com carnes de animais considerados exóticos e até mortos ao vivo.Em consequência, quem recebe este conteúdo se torna ainda mais insensível e com menor senso crítico para discernir se comer animais é certo ou não.Afinal, seguir o que a maioria faz é sempre muito mais cômodo e a força da publicidade de produtos decorrentes da morte de animais é absurdamente forte e bem feita.Gastam-se fortunas para manipular a sua mente e te fazer crer que, se você vir a se abster da carne e de produtos de origem animal, será fraco e anêmico.Balela desmentida por pesquisas, médicos, atletas e crianças que crescem saudáveis e absolutamente normais com uma dieta vegana, sem nada de origem animal.Apesar de o crescimento do vegetarianismo no Brasil e no mundo, e de percebemos maior espaço na mídia para o assunto, é raro que o associem diretamente como um dos grandes trunfos contra os efeitos das mudanças climáticas e os impactos negativos ao meio ambiente. Antes a dieta que era diretamente ligada aos hippies e aos ‘bichos-grilos’, hoje comumente é tida como um estilo de vida para benefícios à saúde, ao bem-estar e, até, como uma opção para perder peso, quando o ideal é que estivesse ligada a quem busca os direitos dos animais e mais harmonia com o planeta.Contudo, nenhum argumento usado na maioria das campanhas em prol da Amazônia é tão importante quanto um olhar mais crítico sobre a pecuária. Abastecida de informação e consciência, cada pessoa pode fazer a diferença. É só querer.
(Por Paula Schuwenck Publicitária, escritora e vegana.)
Fonte: europanet.com.br