Por Camila Reitz
Em contato com Yogahá alguns anos, percebo que muitas pessoas não sabem exatamente qual é o seu objetivo principal.
Entendo que o seu grande objetivo é a liberdade. No entanto, percebo muitos alunos e praticantes presos em certos conceitos que acabam criando ainda mais amarras e condicionamentos. Imaginam que um yogi deve ser “assim ou assado”, que deve fazer isso e aquilo, e acabam condicionados pelo próprioYoga.
Existem vários tipos de alunos. Aqueles que encontram no Yoga uma maneira de diminuir sofrimentos como ansiedade, dor nas costas, enxaqueca, entre outras aflições. Muitos não alcançam os resultados desejados, pois utilizam oYoga da mesma forma que tomam aspirina, ou seja, apenas na hora da dor.
É necessário adquirir disciplina e entrar em contato com conceitos mais profundos sobre Yoga, caso contrário o aluno tende a abandonar a prática.
A boa notícia é que muitos alunos vêm em direção ao Yoga com o objetivo de aliviar dores no corpo e acabam encontrando grandes alívios na alma.
Existem praticantes que entram em contato com os Yoga Sutras de Patañjali, livro considerado a “bíblia” do Yoga, e também com o profundo conhecimento antigo dos Vedas.
Muitos acabam se perdendo em tanta profundidade de conhecimento, entrando em um mundo fantasioso, no qual imaginam que são melhores do que os demais praticantes.
Percebo que teoria demais não faz bem. Ela nos impede de entrar em contato com o conhecimento que vem do coração, e assim se formam yogis teóricos.
Muitos ficam aficionados em alcançar o objetivo final do Yoga que, de acordo com Patañjali, é o Samadhi (libertação), e não vivem o momento presente.
Outros fazem do Yoga uma forma de viver, aplicando seus ensinamentos no dia a dia.
Um dos passos essenciais nessa caminhada é aprender a aplicar na vida o “caminho do meio”. Manter uma relação saudável com o corpo e a mente, sem colocar pressão e privação, fazer escolhas conscientes através da prática da auto-observação, e utilizar os erros e os acertos no processo de aprendizagem da vida.
Desta forma, o Yoga, muito mais do que alívio de dores, proporciona a liberdade de escolha, pois nos torna responsáveis por nossos próprios atos. Para isso, é necessário uma mente calma e clara. Através da prática, aprendemos a controlar a mente e a transformá-la em uma aliada.
Todas as técnicas utilizadas pelo Yoga têm como objetivo desenvolver o autoconhecimento.
O Yoga é uma prática que utiliza diversas disciplinas com o objetivo de direcionar a mente para que consigamos “sentar” em nossa própria natureza.
É um fascinante universo de autodescoberta através da prática e da reflexão.
O Yoga não é algo que se faz, é um estado para o qual deslizamos, e quando o atingimos, encontramos a liberdade que é inerente a ele.
Yoga é Samadhi, Yoga é liberdade.
E para que necessitamos de liberdade? Para amarmos como nunca antes, para respirarmos o momento presente, para não nos esquecermos da alegria de viver, para lembrarmos que cada momento é precioso, para percebermos que já somos completos e felizes.
Para lembrarmos sempre que as situações externas não determinam a nossa felicidade, para que possamos perceber esse ser fundamental que somos, livres de limitações.
Assim, lembramos mais facilmente que menos expectativa gera melhores resultados.
Camila Reitz pratica Yoga há 20 anos, estudou no Brasil, Índia, Indonésia, Estados Unidos e Austrália, fundou e dirigiu o Yogashala em Florianópolis onde ministra curso de formação para professores de Yoga. Tenta tirar lições de todas as situações para ser livre.
Conheça mais sobre seu trabalho: